quarta-feira, 23 de abril de 2008

Imprensa faz festa sobre o caso Isabella Nardoni


Há quase um mês acompanhamos diariamente o desdobramento do caso da morte de Isabella Oliveira Nardoni, 5 anos. A menina brutalmente jogada do terceiro andar do prédio do pai Alexandre Nardoni e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, vem sendo a noticia mais veiculada na imprensa brasileira. O episódio está comovendo toda nação, não só pela crueldade em que Isabella foi morta, mas também por colocar o pai e a madrasta da menina como principais suspeitos do crime.
De acordo com o casal, o pai entrou sozinho com a menina dormindo no apartamento na noite do crime, a colocou sobre a cama, trancou a porta e voltou para a garagem a fim de ajudar a mulher com os outros dois filhos que também estavam dormindo. Quando voltaram ao apartamento a porta estava aberta, a menina não se encontrava no quarto, a grade da janela dos meninos estava cortada e Isabella caída no jardim do prédio.
Apesar de serem apenas suspeitos, os dois já foram julgados e condenados pela imprensa, e conseqüentemente pela população a partir do momento que uma série de indícios entraram em conflito com a versão do casal. O sangue encontrado no carro e apartamento de Alexandre e Anna Carolina, a possível morte por asfixia, o depoimento do vizinho que diz ter ouvido a menina gritar: “Pára pai! Pára pai!”. Tudo isso levou uma delegada que acompanha a investigação a chamar o pai de Isabella de assassino na saída do seu depoimento, e aí a imprensa fez a festa.
Todos esses indícios podem fazer com que a população desconfie da versão contada pelo casal, mas não pode fazer com que a imprensa os tratem como culpados ou usem da crueldade do crime para vender notícias que mexam com o emocional da sociedade. O Diário de São Paulo destruiu a reputação e condenou definitivamente Alexandre Nardoni, com a manchete em letras garrafais: “Pára pai! Pára pai!”. A noticia veiculada no dia primeiro de abril, publicou o depoimento do vizinho que havia ouvido Isabella gritar, porém o fez de maneira errada e antiética, despertando propositalmente um sentimento de raiva e indignação por parte da sociedade contra o pai e a madrasta da menina. O jornal sabia da gravidade do que estava sendo noticiado, da inconformidade que provocaria na população, e, acima de tudo, sabia que venderia. E é a partir do único objetivo de vender que muitos outros jornais vem expondo a vida particular da mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, provocando não só a angústia dos que acompanham o caso, mas também o desejo de saber mais e de ter mais informações que possam levar ao assassino.
A maquiagem do sensacionalismo está em notícias como: “O triste aniversário de Ana Carolina”, ou “ Por que nos comovemos tanto com a morte de Isabella?”. São notícias extremamente apelativas e emocionais, que vendem porque nos comovemos com a crueldade do crime contra alguém tão inocente. Não é errado se emocionar e querer justiça, o errado é a mídia usar o sofrimento de uma família como um produto de um grande supermercado.



Fabiane Borges

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