quarta-feira, 16 de abril de 2008

EMAGREÇA ORANDO


Por Claudia Santos


Não cabe agora explicar porque, mas se há algo nesta vida que acredito, é na existência de Deus e de Jesus Cristo, como Seres Divinos. Apesar de ser católica de batismo, desenvolvi minha admiração por Cristo fora da Igreja. Diversidades de pensamentos são necessárias e devem ser respeitadas. Afinal a manutenção da Democracia se faz por discussões – no bom sentido – balanços e equilíbrios entre direitos e deveres. Mas se as histórias narradas na Bíblia, sobre Jesus não são verdadeiras, temos de convir que quem as escreveu, tem uma imaginação bastante fértil e merece o prêmio Nobel de literatura. Há quem diga que religião, política e futebol não se discutem. Nesse contexto, cito o clichê “gosto é gosto, não se discute, se lamenta e se critica”.Porém, são discutíveis as estratégias de marketing utilizadas pelas diversas religiões na constante batalha em aumentar o número de fiéis, e é claro, o valor disponível nas contas bancárias. Perdoem-me os que fazem um trabalho sério, mas não posso deixar “passar batido” a imagem que me veio agora, o bispo Edir Macedo, acompanhado de sua esposa, curtindo o sol e as maravilhas de Miami, com o suado dinheirinho dos fiéis.Minha vó diz que casamentos acontecem por reflexo da “cama” ou da “cozinha”. Por livre e espontânea vontade, eu acrescento da “conta bancaria” também. Cada um usa as armas que têm. Na religião a arma é a “pregação”, e o foco são as fraquezas e necessidades humanas, vícios com bebidas e jogos, drogas, doenças, desemprego, problemas familiares, dívidas, depressão, prostituição, possessões demoníacas ou feitiços, etc. A versão mais recente de promessa é a “Lipoaspiração Divina”.O site terra.com.br apresentou hoje (27/03/08), uma matéria contendo mais um alvo de estratégia de marketing. O pastor Ubiraci Xavier, da Igreja Evangélica Ministério Brilho do Sol, de Caxias, no Rio de Janeiro, na louca corrida em ampliar o número de fiéis, mexeu em um ponto fraco de muitas pessoas – em especial das mulheres – a obesidade. Panfletos com a promessa de emagrecimento rápido sem cirurgias ou dietas, apenas através da oração, são distribuídos por congregados nas ruas e nos cultos.O marketing religioso da “cura”, presente nas mídias, seja em jornais, revistas, ou gravadoras próprias das entidades, aliados a infalível combinação do “boca-a-boca” entre os fiéis, e um rígido controle de metas, são responsáveis pelo fenômeno que atinge o número de 48 milhões de brasileiros.Não vim discutir, segmento religioso. Que entidades precisam de doações para sobreviver e desenvolver trabalhos, e que possuem um papel importantíssimo na sociedade, bem sei. Lamento apenas que uma parcela significativa da população na realidade de suas mazelas, no desespero de sanar seus problemas, na ânsia de ver perdoado seus pecados e de adentrar “com facilidade” no mundo da salvação, acabem dando em troca o pouco que ainda tem. Talvez nesta situação, nem fosse tão difícil para alguns fieis perderem 5 kg em uma semana. Doando o pouco que tem - quando não o que tem pronto sobre o prato – sobra praticamente nada. Devo concordar aqui que a oração alimenta o espírito, fazendo o corpo se sentir leve. Passando fome uma semana, é bem provável que além das crises de dores de cabeça, náuseas e outros sintomas, o literalmente, pobre fiel, emagrecerá. Afinal, gordura, não é sinônimo nem de riqueza, nem de saúde.Já a Fé, não se compra, se adquiri com a prática de bons pensamentos, de boas ações, com a transmissão e a captação de boas energias. Fé não se vende em pacotinhos. Fé se desenvolve no dia-a-dia, independente de crença religiosa. A obesidade independe de sexo, religião, idade, cor, nível social ou escolar. Inúmeros são os problemas causados por ela, e as conseqüências podem ser físicas e psicológicas. Utilizar-se de um problema que afeta muitas vezes a auto-estima do ser humano, é focar o marketing no sentimento pessoal, é golpear baixo e “mexer na ferida”, daí poucos não cedem.A Constituição Brasileira garante no art.5o, inciso VI, a liberdade de crenças e o livre exercício de cultos religiosos. Separando o joio do trigo, perdoem-me novamente - os que o fazem não só por amor a Cristo, mas também e principalmente ao próximo, como pede a Bíblia – mas o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa diz que é charlatão “quem explora a credulidade alheia ou quem se faz passar por médico”.No caso da “lipoaspiração divina”, que promete ao fiel emagrecer até 5kg em uma semana apenas pela força da fé e da oração é um apelo que merece dura criticas não só de médicos endocrinologistas e nutricionistas, como de toda a sociedade, mesmo de religiosos.

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