segunda-feira, 28 de abril de 2008

Do voto de cabresto ao dedinho no formol!

Por: Claudia dos Santos


Este ano acontecerá no País mais uma nova eleição. No dia 05 de outubro, prefeitos e vereadores serão escolhidos pelo povo, através do voto direto. A Justiça Eleitoral brasileira tem demonstrado não só pelos avanços tecnológicos, como também por outras ações, que o princípio moral as eleições é busca constante da instituição. Já no início da década de 30, o primeiro Código Eleitoral estabeleceu medidas para coibir os “vícios” dos pleitos. Alistamento, organização das mesas de votação, apuração dos votos, reconhecimento e proclamação dos eleitos, foram providências instituídas visando reduzir fraudes. Métodos como bolas de cera, urnas de madeira, de ferro ou lona, foram gradativamente superados pela informatização. Hoje, o processo eleitoral brasileiro é um dos mais avançados do mundo.

A novidade a ser implantada pela Justiça Eleitoral este ano, é o voto pela impressão digital. O município catarinense de São João Batista será uma das três cidades brasileiras a testar a urna com leitor biométrico. Athayde Fontoura, diretor-geral do TSE – Tribunal Superior Eleitoral – diz que este novo processo visa “excluir a possibilidade de uma pessoa votar por outra, o que hoje ainda existe”. Isto porque, atualmente para votar basta o eleitor apresentar o título, como o documento não dispõe de foto, qualquer cidadão pode apresentar-se com documento falso.

Nos períodos colonial e imperial, o voto por procuração foi responsável por freqüentes fraudes. Onde pela inexistência de título, o eleitor era identificado pelos integrantes da mesa ou por testemunhas. Situação que possibilitava a votação com nome de pessoas mortas, crianças ou mesmo moradores de outras cidades.

Na década de 30, o voto de cabresto servia como meio de legitimar as elites políticas no poder. O eleitor levava de casa para depositar na urna, um pedaço de papel com o nome do candidato escrito. E se fosse analfabeto, o que era comum na época, o próprio coronel, o fazia.

No dia em que ouvi o pronunciamento do diretor-geral do TSE, sobre a novidade eletrônica, lembrei que não raro nos deparamos com a frase que o Brasil é o “País do jeitinho pra tudo”. Confesso que me diverti imaginando qual seria o “jeitinho” a ser aplicado desta vez. E diante de um cérebro que borbulha até dormindo, diante de todo o imaginário que meus neurônios me permitem, visualizei uma quantidade razoável de cadáveres sendo enterrados sem o dedo polegar. Morreu, corta o dedinho que serve para identificar a impressão digital e mergulha no formol.

Claro que tudo isso não passa de imaginação, mas é só um humilde e inicial ensaio, de uma principiante no desejo de um dia tornar-se uma escritora. Apesar de não duvidar que com o título de “País do jeitinho pra tudo”, alguém não encontre um novo meio de tentar “enganar” a tecnologia. Mesmo porque as máquinas precisam de homens para ser acionadas. Nem sempre sou favorável ao “jeitinho pra tudo”, especialmente quando se trata de fraudes. Mas tenho que admitir que somos um povo dotado de uma imaginação bastante fértil. E do voto de cabresto ao, quem sabe, dedinho no formol, escreve-se mais um capítulo de nossa história eleitoral.

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