quarta-feira, 11 de junho de 2008

NORBERTO BOBBIO DEFENSOR DA DEMOCRACIA E DOS DIREITOS HUMANOS

Por Claudia dos Santos


“Cultura é equilíbrio intelectual, reflexão crítica, sendo de discernimento, aborrecimento perante a qualquer simplificação, qualquer maniqueísmo, qualquer parcialidade”. Norberto Bobbio, em carta a G.Einaudi, julho de 1968.

Norberto Bobbio foi o filósofo da democracia e ferrenho combatente em favor aos direitos humanos. Considerado um dos mais importantes pensadores do século passado. Manteve intacta sua independência intelectual, mesmo sempre aberto ao diálogo com seus adversários. Exerceu importante papel de mediador, em nome da razão e da liberdade. Por meio de ensaios, colaborou com jornais e revistas.

Bobbio diz em sua autobiografia: “Fui educado a considerar todos os homens iguais e a pensar que não há diferença entre quem é culto e quem não é culto, entre quem é rico e quem não é rico”. Complementa: ”Recordei essa educação para um estilo de vida democrático, mas confesso ter-me sentido pouco à vontade diante do espetáculo das diferenças entre ricos e pobres, entre quem está por cima e quem está por baixo na escala social, enquanto o populismo fascista tinha em mira arregimentar os italianos dentro de uma organização social que cristalizasse as desigualdades”.

Filho de família tradicionalmente burguesa nasceu em Turim, em 18 de outubro de 1909. Em sua cidade natal, formou-se em Direito em 1931 e em Filosofia em 1933. Entre 1948 e 1972, foi professor de Filosofia do Direito, e de 1972 a 1979 professor de Filosofia Política.
Observador e analista independente, Bobbio julgava inibidora e desinteressante a acomodação de uma militância partidária.

Foi, por muitos, considerado a consciência democrática da política de seu país. A democracia para Bobbio era algo dinâmico, em constante transformação, como cita em O futuro da democracia.
Participou do movimento de resistência a Mussolini e ajudou a estruturar a política italiana do pós-guerra. Criando o Partito d´Azione, o partido da ação.

Bobbio aliou a reflexão acadêmica à ação política e deixou para o mundo vasta obra na qual reflete sobre temas atuais como democracia e direitos humanos.

Saber ouvir as lições dos clássicos da política é um dos mais preciosos ensinamentos que Bobbio nos deixou no campo da Teoria Política. Clássico para Bobbio é o autor que consegue ao mesmo tempo ser “intérprete autêntico de seu próprio tempo”, que é “sempre atual, de modo que cada época, ou mesmo cada geração, sinta a necessidade de relê-lo e, relendo-o, de reinterpreta-lo” e que tenha construído “teorias-modelo das quais nos servimos continuamente para compreender a realidade”.

Ao encerrar suas atividades docentes, o fez com uma citação de Max Weber: ”A cátedra universitária não é nem para os demagogos, nem para os profetas”.
Em 1984 foi declarado professor emérito da Universidade de Turim e nomeado senador vitalício da Itália pelo presidente Sandro Pertini. Morreu em janeiro de 2004, em sua terra natal, aos 94 anos.

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